1 de abril de 2008

Amando sobre os jornais

Ausento-me para colecionar recortes das colunas. Notícias vencidas. Porque já é constrangedor responder ao 'e as novidades?' quando só quero ouvir um velho samba-canção. Daqueles que assobiam; eu conheço os versos. Aceno. É para sorrir. Imaginei para mim uma espécie de cardápio: com fotos, preferências, disponibilidades e riscos. Vejam vocês, falhou. Converso com precários quadros, pelo caminho vou deixando este rastro brilhante de passo lento. Talvez me encontrem em pequena nota, desfeito no sal do mar. O suco de laranja sem açúcar faz sentido - só não entendo esta mesa enorme, os arredores e eu. Senhores em solene assembléia, na qual represento os que resolveram, ainda muito jovens e sem consciência disso, ler jornais e ter sorriso fácil como medidas compensatórias. Falo timidamente, no vernáculo, confiando em tradutores. Piadas babélicas não têm mais graça. Traições, mal-entendidos e esdrúxulas combinações: um bom dia para colecionadores. Estar sozinho é ler o jornal e não saber se era amor ou certa notícia que revelava: o muco das lesmas é cicatrizante e despoluidor. Lembrei-me de praias desertas.

2 comentários:

Thais Monteiro Figueiredo disse...

“A lesma quando passa deixa um rastro prateado” Ana C.

Jamille disse...

Sei exatamente com é essa sensação, o samba canção, o suco de laranja, Todas aquelas perguntas sem resposta, as pessoas que passam por você e você não nota...

Você descreveu tudo muito bem, tristemente bem...