21 de abril de 2008
Choro Bandido
Confesso a falta de luz. Confesso o luto por que ainda era fruto e não se fez semente. Confesso o improduto presente. Confesso minha ignorância mais fútil - verso confesso. Que não foi acidente a última desfeita, mas o foi o soneto, o foi a receita. Confesso a suspeita: o olho a espreita, a mão direita, a punheta confesso. Confesso a decência a prudência a mesura. Confesso o café da mesa posta, o silêncio em compotas, o assento da avó morta. Confesso minhas costas, a fofoca. Confesso a glosa, o gloss, a intriga cinta-liga. Confesso a palavra mendiga, bendita que me escapa. Confesso os livros que não li e imito e as piadas de que ri, sem as ter entendido. Confesso render-me à moda e à vitrola. Mundo a fora e o mudo quarto crescente em mim confesso. Confesso claire de lune o câncer e a astrologia. Confesso a confissão que me refugia em óbvias rimas. Confesso de mentira - confesso.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário