21 de agosto de 2008

Jeito de corpo

Vou perguntar novamente. Diga Sim. Contar que na noite passada sonhei um antigo corpo. E nesta, me alongo em insônia. Acordado, no caderno há um nome que não identifico sob o risco. Meu presente arrisco em um dado branco. O jogo não é justo, afinal. As minhas mãos diminuídas. Mas falei de filhos e toalhas de mesa, pois sou do tipo. Da lua, que anda cheia e tão clara no quintal. (Ou da luz acesa?) Vendo as sombras esticadas pelo varal sem roupa, escutei um standard, não sei se Porter ou Hart. Não pude acompanhar.

19 de agosto de 2008

Smile

Não foram os romances que leste e que deles pronuncio os personagens num francês mais ou menos acertado. Não foste tu. Nem eu. Foi um sofá de possibilidades. De reter um perfume em meu ombro. De observar limites. De Piaf. De sorrir. Estas palavras não cabem no beijo. Tampouco seriam as palavras. Misteriosa lótus crescida em tua palma esquerda. Dela nasceu um silêncio com dentes alvos. Assim o divido.

17 de agosto de 2008

De volta ao começo

No centro king-size de minha cama, ali redescobri um nome real. Recuperei-o. O começo haverá de ser um desconhecido lugar. Falo a partir das domésticas furnas, onde palavras são ecos. Faltava-me o nome. O quarto e o casal de Bali comprado numa feirinha qualquer. O quarto e seus livros. O quarto e a luz de um abajur. O quarto e um jazz. Sílaba e nota. Começa um nome. E os lábios pintam-se de confiança. Abertos. De janelas que se olham e não mais enxergam a rua. Teu aposento em meu corpo ainda existe, arrendado. Um coração bric-a-brac guarda nomes. O teu pode ser João; o meu eu hei de confessá-lo.