E chover nos causa tantos transtornos, amor. Já esquecemos a antiga reverência, o milagre de existirmos em precipitação. Façamos da chuva cheia, do vento vaga, das gotas grãos. E minha mão que, por estranhos processos, ainda conserva certo aroma teu. Aplaudo a Senhora. O asfalto liquefeito no curso cadenciado de minhas palmas. No direito a tarde, no esquerdo madrugada. Meus braços em riste. Movimento as marés: reconstruo a minha casa neste meio-fio. Ela guarda os segredos, e me atende.
3 comentários:
Ouvia a Betha lendo "Nossa Senhora do Silêncio" quando cheguei aqui e comecei a ler o post, nego... tipo... oO'
"teu perfil nunca é o mesmo, mas nada muda..."
"Ainda conserv certo aroma teu", em outra palavras: "And I can still smell you on my fingers and taste you on my breath" de Central Reservation. A Reconstrução em questão vai muito além das marés, certo nego?
belíssimo! quem dera houvessem meio-fios pra reconstruir minha casa...
cada verso é precioso e perfeitamente colocado...
adorei
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