9 de fevereiro de 2008

Você não sabe amar

Ai que preguiça, amor... De te ouvir falar outra vez de grandes planos para o futuro, amores e viagens sem destino. De teus questionamentos miúdos sobre vida e metafísicas. De tuas artes poéticas. Amor, e se ficássemos quietinhos? Afastemos este espelho e seus barroquismos. Porque não iremos ganhar as estradas. Nossas páginas guardam o único segredo, aquele que responderia, afinal, o porquê delas existirem. Fiquemos com o pó. Porque nossas orgias e pecadinhos servem mais para contar aos outros e a nós e menos a algum propósito de evolução espiritual. Ou corpórea, se preferir - o objeto de culto não altera os rituais. E então te apaixonas pelo teu próprio texto, quando o texto tem tanto sangue quanto aquele pé de arruda. Este mundo, amor, não se presta a isto. Aqui se exercita outra carne. Deixemos tua megalomania existencial para embalar teu sono ou para mascarar-te a rotina dos dias. Antes de ires, amor, reclame novamente minha sempre condescendente opinião e não te esqueça de meu beijo. Vá seguro de ti, enquanto eu arremesso ao cesto uma nova bolinha de papel e tento assim um último acerto.

2 comentários:

Thais Monteiro Figueiredo disse...

"eu arremesso ao cesto uma nova bolinha de papel..."

Foi hard essa, nego. Bom vendo isso prosperar.

zero disse...

olha, que boa surpresa este blog!