11 de junho de 2010

Por toda minha vida

Achei amor por entre velhos cobertores estocados em longos verões. Amar como quem ganha certezas. Amar como quem as perde. Amar como quem almoça chiclete. Amar como quem coleciona defeitos. Amar como quem nunca violou botões de emergência e agora os procura por segurança. Amar como quem volta a rezar.  Amar como quem percebe o deslize do mágico e está satisfeito com o circo. Amar como quem assiste galhos de árvore crescer numa tarde. Amar como quem desconfia que três ou quatro pelos nascidos no braço são sementes do outro vaso. Amar como quem reconhece companhia em dedos tingidos na groselha das pipocas. Amar como quem, no vapor desta água, bebe todos os chás futuros. Amar como quem reescreve um povo para justificar o estrangeiro. Amar como quem acorda e decide voltar para cama. Amar como quem tem cama. Amar como quem não dorme. Amar como quem esquece a vontade de amar. Amar como quem ignora a própria mentira. Amar, sim, como quem volta a rezar. Amar como se fosse possível. Amar como quem diz por toda vida e isto quer dizer.

3 comentários:

Bruno S. disse...

Nego, que coisa linda - texto e layout! E são 'as coisas tão mais lindas'...

Thais Monteiro Figueiredo disse...

voltei a ler esse texto hoje com um largo sorriso no rosto.

Unknown disse...

Amar como quem reconheçe o amor em pequenos detalhes da vida, isso é amor!!!