21 de março de 2010

There's a small hotel

Escondi as mãos e o signo de rascunhos. Examinei nas digitais da memória mínimos espaços do teu corpo que preencho com flores e o sumo das frutas. Das madrugadas cresce o tangerina de portas damasco; do pó cansado das ruas, o jasmineiro que não se dá a ver. Encontrar a delicadeza dos pulsos era hábito entre os noivos de tribos inventadas: meu polegar e indicador fechados em círculo na ponta de teu dedo médio. Provisório coração. Batida fina - é vivo. Com a rendição do gesto: "olha como tenho as palmas todas riscadas", ofereci o solo de duas luas para tua livre cartografia: pátrias e estados menores, estandartes menores, cidades e hotéis menores, quartos, leitos, homens menores - o pulso.

Um comentário:

Laura Cohen disse...

Um tal de Schiavo me contou que você estudava um português chamado Al Berto. Ele disse isso no banco de trás do carro de uma amiga e eu quase morri, tenho uma história a respeito disso.
Eu fui para portugal em 2007. Eu estava numa livraria que tinha um cesto de livros novos e usados sendo vendidos a 4,90 euros - voltei com um excesso de bagagem por conta disso. Entre Sophias de Mello e Saramago e Pessoa, encontrei um livro chamado Degredo No Sul, com uma foto de um homem muito magro de camisa listrada e um caderno enfiado no bolso. Ele estava de costas a algo que parecia o mar, e naqueles dias eu havia aprendido que portugal é só mar e desastre, e todos que vivem naquelas terras vivem do mar e unicamente para o mar e seus desastres. Li a primeira frase: "a casa foi abandonada, permanece vazia. duma janela avista-se outra janela". a imagem foi demais para mim. trouxe esse rapaz comigo. pesquisei por aqui, mas nao encontrei nada. às vezes é como se esse livro tivesse sido inventado por mim, e o autor me assusta com essas imagens, parece que ele nunca existiu. Mas pelo que sei, há mais dele por aí.

e, sobre o blog, bem que esse tal de Schiavo havia me falado, seus textos são maravilhosos... Imagens sedutoras como o vazio entre uma janela e outra.