26 de abril de 2009

Futuros Amantes

Do chuveiro veio a matéria suspensa. Entre espumas e sabonetes, pelo apartamento. Lençóis alagados, alagadas almofadas. Não cessava, não cessava. Janela a dentro - deu no jornal: bom tempo na cidade; pancadas pelo interior. Entre sabonetes e espumas, pelo apartamento. Consumidos os armários, ralearam café e soneto: papel já pele que o toque desfaz / diluída tinta do azul ao púrpura/ jaz vaga qual às palavras apraz. Indeed, my lord, you made me believe so. Açúcares misturados aos ácaros afogados. Muita saúde era ressaca. Estranha infusão, estranho aquário. Um hausto. Guela a dentro - deu no jornal: acharam-na boiando, a donzela, num quadro que julgaram démodé, mas calaram em respeito ao luto.

14 de abril de 2009

Folha morta

Caixa esquerdo coração: Sinatra & Jobim, El amor en los tiempos del cólera, As sonatas para cello de Brahms: medíocres metonímias. Alô, não tem ninguém com esse nome. Esperei algum tempo para entregar o presente que acabou entregue ao quadrado papelão de memória. Herança secreta solteira. In pectore. Desculpa, foi engano.

13 de abril de 2009

A cereja e o vermouth

Parece bolero. Eu disse: veja algo com baixo teor de desilución. Completei sussurrando pro anônimo ao lado: é que sou fraco pra essas coisas - pois que havia me subido à cabeça.