Eu - começa a loucura. Invento estimação. Cão com vôo. Mania de carinho, mania de cuidado. Comércio de colares. Insônias cóleras. Dio, come ti amo! Eu - começa a história. Invento espaço; tempo invento. Giro em círculos, finjo-me morto. Espelho insurreto. É preciso vencer. Guerra do objeto. Parasita armada. Sob a pele, sob a célula. Eu - começa incrédula. Cão e ninho. Cão e filho. Baixo cúme: a prole-suga do ciúme.
10 de março de 2009
7 de março de 2009
Clube da Esquina nº. 2
Acordou o despertador, eu já havia despertado. Desejei-te em lembrança e perdi teu rosto. Drummond falou d'essas coisas' interditas às seis. Chorei, não pingou. Saudei senis amores que não se pensam mais. Procurei uma longa conversa telefônica. Quis condenar algo; nada ocorreu-me. Resmunguei estas linhas. Olhei a janela longamente. Volto a escrevê-las. Aí não faz mais sentido. Aí é tacanho e infantil. Lembro da amiga que chega em casa. Julgo vulgar meu estado. Almejo coisas simples e vejo justiça nelas. Nada irá mudar. Verei um círculo. Talvez a bola, que não chuto. Talvez a lua, que é uma convenção. Resumirei em juvenília esta história contida num livro cheio delas. Atrasarei para o trabalho. Aí foi sábado e não descansei.
5 de março de 2009
O amor em paz
O ocaso estendido em passos. Andar passado. Prenúncio de chuvas na antiga linha seca. E ofereceu-me o mundo. Tantos mais passos sob nuvem negra. E insistiu na oferta. Dê-me teu silêncio sólido e perene - respondi. Vi pedras e preciptei-me. Passou; água não veio. Nalgum outro deserto, o povo deu graças.
1 de março de 2009
Ana Luíza
Mel em multicores, multicopas. A bosssa, a barba rala. A princesinha, a pérola, a pala. A via sacra em mosaico ao mar. Corpo de malas. Mates, remates. - Contemplei a criação; era boa. Nada disse. Despedi-me, no sétimo dia, em desalento e diesel.
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